A ilha do Fogo é uma ilha rica em manifestações culturais, onde festejam-se vários santos, nomeadamente S. Sebastião, S. Filipe, São João Batista e S. Pedro. A festa da Bandeira que é a festa máxima da ilha, é definida pelos foguenses como uma comemoração realizada em homenagem a um santo, geralmente de grande aceitação popular.
História
As festas de S.Sebastião, S. João e S. Pedro eram antigamente as de maiores expressões, mas atualmente, essas festas, isto é, essas bandeiras não possuem as mesmas características de outrora ou seja, não tem a mesma amplitude do passado. A de Nhô São Filipe assim como é chamada no Fogo, (juntamente com as outras), voltou a ser festejada à grande, graças à junção dos descendentes das famílias da Bandeira Grande.
O início da comemoração da Bandeira na Ilha do Fogo, não é exata, pelo que, devido às suas características, é muito provável que remonte aos primeiros moradores provenientes da Ilha de Santiago.
Festas de São Filipe que se iniciam uns dias antes do primeiro de Maio, dia do Santo Padroeiro que deu o primeiro nome à ilha, vem sendo comemorado de forma ininterrupta desde 1917, data do desenterro da bandeira pelo grupo de sete rapazes, denominado por Sete Estrelos, sendo que, depois da independência nacional, esta ganhou um cariz popular e a partir dos anos 90 passou a coincidir com a festa do município de São Filipe.
Denominado atualmente de Festas de Nhô São Filipe na Ilha do Fogo, são das mais conhecidas festas populares no arquipélago de Cabo Verde tornou-se uma festa tradicional de caracter não totalmente religioso, pela mescla de festividades profano-relgiosa promovida e pertencente ao povo. Estas, ocorrem entre 25 de Abril e 1 de Maio, onde desenvolvem-se inúmeras manifestações populares, tais como: Pilão, Matança, Canizade, Mastro, juramento da Bandeira, missa e procissão, bandeira da praia, cavalhadas ou corridas de cavalos e enterro da bandeira.
Início das Festas
As festas são anunciadas por foguetes e começam com o Pilão para pilar o milho para o xérem-de-festa. Colocam-se vários pilões a volta, dos quais trabalham em simultâneo três mulheres, que num movimento ritmado e cadenciado, marcados pelo som e ritmo de canções apropriadas, do toque do tambor, do bater das palmas e dos paus. Este cenário pode durar vários dias, consoante a posse do festeiro.
Vésperas
Nos dias dedicados aos preparativos da festa, faz-se a matança de vários animais, sacrificados para o almoço, que já não acontece tal como antigamente, uma vez que o código de postura municipal obriga que os animais sejam sacrificados no matadouro e na presença de um veterinário.
Na véspera do dia da grande festa, a Bandeira sai da casa do festeiro para ser transportada à Igreja Matriz por um cavaleiro, que se faz acompanhar por outros vestidos a rigor.
Dia da Festa
No dia 1 de Maio, a reunião de pessoas começa na alvorada e, a meio da manhã, os cavaleiros juntam-se e saem pelas ruas da cidade, realizando corridas no Alto S. Pedro, seguindo em marcha, com a bandeira desfraldada, em direção ao “castelo” do primeiro Festeiro de S. Filipe. Ali, todos fazem tempo para bolos e bebidas, acompanhados da receção de grinaldas de flores.
Dali, dirigem-se à casa de bandeira de Praia, e de seguida à Praia de Bokaron, onde acontecem algumas corridas na areia preta.
Da casa do festeiro, à qual regressam, após o almoço na Praia de Bokaron, vão para a Igreja Matriz onde é celebrada uma missa, seguida de procissão pelas ruas da cidade, com cânticos religiosos e rufar de tambores.
A meio do dia é servido, em casa do festeiro, o tradicional almoço aos cavaleiros e aos convidados.
Encerramento e Passagem
À tarde, as cavalgadas no Alto de S. Pedro constituem o último ponto da festa, sendo um espetáculo emocionante e popular, que reúne milhares de espectadores. Sob toque dos tambores e do brial das cavalhadas, os cavaleiros vão correndo na pista, tanto para a apanha das argolinhas e grinaldas, como para demonstrarem a sua habilidade, através do que chamam corrida das rosas, em que os cavaleiros correm dois a dois, de mãos dadas.
No final dessas provas, são distribuídos prêmios e louvores aos vencedores, para, de seguida, se proceder à entrega da bandeira ao novo festeiro e, caso não apareçam candidatos à Bandeira, esta é enterrada na Igreja, voltando a sair apenas quando aparecer quem ofereça o seu resgate, no prazo de quarenta e oito horas.
Pela importância, quantidade de atividades, duração das festas e, pela tamanha adesão de pessoas às festas do município de São Filipe e da bandeira, esta, é seguramente uma das maiores festas populares realizadas a nível de Cabo Verde.
Fontes bibliográficas:
Revista Nós Genti, Edição Junho 2019;
A HIERARQUIZAÇÃO SOCIAL NO MUNICÍPIO DE S. FILIPE;
Website www.fogo.cv.